segunda-feira, 26 de junho de 2017

Harry Potter faz 20

E o bruxinho chegou quase à maioridade.



Milhões de crianças, hoje adultos e adolescentes, viveram intensamente as aventuras desse pequeno órfão. Livro a livro e depois filme a filme. Junto com eles foram pais, irmãos mais novos, tios e um tanto de agregados. Minha enteada insistiu com Miguel durante anos para que ele lesse, e ele nada... Até que um dia a mágica se fez.

JK Rowling teve seu livro recusado por nada mais nada menos que 12 editoras, que hoje devem maldizer o destino e desejar enormemente um vira-tempo.

Que mundo essa mulher constriu!


Hogwarts é a escola dos sonhos. Amigos pau pra toda obra como Hermione e Rony, sem falar no Neville e na Luna (amorzinho demais) são também de sonho... E os professores?? Lupin forever!! Minerva, tão impositiva, mas tão docinha. Ganhou meu coração para sempre quando colocou Harry no time de Quadribol e esse amor foi reafirmado no último filme quado deu vida aos gigantes de pedra com Piertotum Locomotor e revela marotamente que sempre teve vontade de fazer isso. Alvo Dumbledore com seus segredos e sua sabedoria escapando por todos os poros... Professor Snape protegendo o filho do seu amor secretamente ao longo da vida, com Alan Rickman dando show.



Meu padrinho Sylvio morreu quando eu tinha 14 anos, então não pude idealizar muito, mas um padrinho como Sirius, que tal? Uma casa como a dele pagaria IPTU? Será que ele me de deixaria viajar no Bicuço?


Um guardião desastrado como Hagrid e seus dragões e seu cachorro babão seriam sempre de grande valia.
                             

A odiosa Bellatrix e todos os comensais da morte... Tiveram um fim justo e merecido, junto com Lord Voldemort. Esse vilão bebeu sangue de unicórnio!! Como assim???!!!! A mando dele montes de boas pessoas morreram, sem falar na coruja Edwiges.



E o Dobby?? Chorei litros com o Dobby, tanto de rir quando ele apenas quis causar um ferimento muito sério e quando ele morreu, Sacanagem matar o Dobbynho, viu JK?



Sim, li todos os livros e vi todos os filmes. Sei feitiços, decorei falas e tenho Pottermore, sim!  Fiquei louca na Universal Studios, ao entrar em Hogwarts, Gringotts e em Hogsmeade... Andei no Hogwarts Express e em todos os simuladores felizinha da vida. Não me julguem, apenas aceitem.

Nós no Beco Diagonal e Hogsmeade em 2015.

Graças a esse bruxinho, meu filho Miguel entrou no mundo da leitura e dele não mais saiu.

Hoje, nas poucas horas que tive, fiquei bobamente digitando "Harry Potter" no Facebook, só pra ver a varinha e o raio explodirem na tela do meu celular. Igual a milhões de pessoas ao redor desse vasto mundo, com certeza.

Parabéns, Harry!

" -After all this time?
   -Always..."

E que lições todos esses livros deixam:
" Não tenha dos mortos, Harry, tenha pena dos vivos, e acima de tudo, daqueles que vivem sem amor."
Segue vídeo muito bacana do tributo aos 20 anos de Harry Potter:

                           

Beijos,
Lela.


Leia também: Harry X Percy
                       Que livros você lê
                       Cheiro de livro




sábado, 13 de maio de 2017

Mães

Quando era bem pequena, lembro de ver sempre uma imagem que me deixava encafifada: Uma moça, numa árvore e três meninos em volta ajoelhados.
Via essa imagem em muitos lugares e elas eram sempre assim, com poucas variações, às vezes a moça tinha nuvens nos pés.
Na minha cabeça de menina, era uma "mãe" e seus filhos fazendo alguma brincadeira de criança e ela era danada demais porque conseguia subir em árvores. Poucas mãe que eu conhecia subiam em árvores, inclusive a minha. E pra quem tinha a Palestina como amiga imaginária ( Veja aqui) isso não era difícil de pensar.
Aí, a medida que cresci, me contaram o que a imagem significava: era a "Mamãe do Céu" que apareceu do Céu para 3 crianças em Portugal, pedindo para que elas rezassem pelo Mundo e ainda contou a eles "segredos".



Caramba!!
Três criancinhas apenas a rezar pelos pecadores do Mundo e ouvir 3 segredos e logo de quem?? Da Mamãe do Céu!!!!!!!!
As "Mamães do Céu" sempre me intrigaram; principalmente porque apareciam para crianças pobres, nos campos, nas grutas, em casebres, para pescadores pobres. Nunca em castelos luxuosos, para presidentes, reis ou grandes líderes. E pediam apenas oração pelos pecadores e  pela salvação do Mundo. Não pediam dinheiro, templos, gritaria e pediam em silêncio, praticamente dentro do coração das crianças.
Mães zelam pelos filhos sejam eles bem sucedidos, desempregados, feios (tem filho feio?), saudáveis, doentes, pobres, ricos, inteligentíssimos, com alguma dificuldade. O povo fala que mãe é mãe e é mesmo. E a Mamãe do Céu é o maior exemplo de mãe: seus outros filhos mataram Seu Filho e ela segue pedindo pelo mundo, pela salvação, por nós.
Segue abrigando as nossas súplicas, os nossos choros, as nossas orações e intercedendo por nós. Acredito tanto nisso, tanto, tanto e falando francamente, sou muito fã dela.
Mães valorizam rabiscos no papel garatujas, garranchos letrinhas sem firmeza ainda, bagunça na cozinha para o café de domingo café do Dia das Mães. Valorizam toda e qualquer vitória e são pau pra toda obra. Quando uma mãe chora todas as outras choram também e choro de mãe... Nossa, choro de mãe é doído.


Um filho sofrendo é pior do que qualquer dor que alguma mãe já tenha sentido. Sofrimento de filho é sofrimento dobrado no coração das mães. Porque mãe não quer que filho sofra de jeito nenhum: de cólica, dor de dente, joelho ralado, braço quebrado, nota baixa, coração partido... Quando mãe não pode nem ao menos amenizar a dor de um filho; resolver, nem que seja dando só uma opiniãozinha bem pequenininha é um tormento interno (interno,tá?) Quando a vida do filho está em risco por qualquer motivo, a tal da mãe sofre, mas ao mesmo tempo cresce de tamanho, multiplica a energia e encara de frente; depois vai chorar no banheiro, ligar pra analista (que pode ser que seja mãe também) ou sei lá fazer o quê. Só não vale parar no caminho, porque mãe é caminho sem volta.
Mamãe do Céu, quando aceitou a missão, deve ter imaginado que vinha chumbo grosso. Não sei se imaginou que seria mãe de tantos filhos ao longo de tantos séculos. Mas tem dado conta do recado, pelo menos prá mim.
É quem me escuta, me acolhe, acalma, ouve minhas dores e meus pedidos, zela pelos nossos filhos e me faz seguir adiante.
Seja Ela de Fátima, Lourdes, Guadalupe, Aparecida, Medjiugorje, não importa. Ela é a Mamãe do Céu!!!

Feliz Dia das Mães !

Um beijo carinhoso,
Lela.


Leia também: Maria de Lourdes
                       Quando eu falo com Deus
                       Famílias, filhos, mães

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Dia do Médico

18 de outubro, dia do médico.
Recebi várias felicitações vindas de todos os lugares e absolutamente todas me deixaram feliz da vida: de colegas de profissão, de trabalho, de pacientes, família...



Mas hoje quem tem a agradecer sou eu e por muitas coisas que vêm acontecendo ao longo desses quase 30 anos. É, quase 30 anos... Entrei na faculdade com 18, é só fazer as continhas. Quer dizer, não precisam fazer continha nenhuma, é só acreditar em mim,ok?

Tenho que agradecer aos meus pais, a minha família, aos professores tanto da faculdade como de plantões que foram me ensinando o ofício que é a minha vida.

Preciso, precisamente hoje, agradecer ao Centro de Saúde Ermelinda, de Belo Horizonte. A cada um dos meus colegas: médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos; administrativos, à Florzinha que limpa os consultórios e faz um café pra lá de cheiroso... Todos!! Essas pessoas renovaram em mim a fé no SUS, a fé em um serviço público onde o sempre dá prá fazer o melhor, buscar o melhor e tentar todos os dias cavucar dentro da gente prá encontrar o nosso melhor e sabem por que? Prá estar a altura dessas pessoas, pra merecer fazer parte dessa equipe.

                                                   Presentinho da equipe do CS Ermelinda

Andei perdida e desanimada por muito tempo, praticando a Medicina e me perguntando se era isso mesmo, se era "só isso"... Se iria ficar na dependencia do (mau) humor de alguém , da agenda entupida de nada, da falta de resolutividade, dos trâmites do SUS, da falta de vagas do nível secundário. Se iria ficar vendo meus pacientes em filas sem tamanho e sem esperança. Pensei em mudar, em parar, em desistir tantas vezes que nem sei contar. Mas sempre me dava conta que não sabia fazer mais nada. E fui ficando.

Esse ano fui transferida, depois de esperar por mais de 6 meses, para o Centro de Saúde Ermelinda. Redescobri o prazer em trabalhar em equipe. Um lugar onde cada um tem seu papel, desempenha o seu dever, busca o melhor dentro do possível e muitas vezes do impossível.

Nunca duvidei do poder de um sorriso, da gratidão, da sensação de fazer seu dever. Nunca desprezei um "Obrigado, doutora!", de onde quer que ele viesse e muitas vezes esses sorrisos e esses obrigados me empurraram adiante. Ainda bem. Consegui reformular minha fala e voltar a perguntar "O que eu posso fazer por você?"


Obrigada mil vezes, equipe Ermelinda!!!

Mais do que nunca preciso agradecer à Renata, que assim como eu é médica, que assim como eu é pediatra... Mas quem sou eu prá ser um tiquinho da sombra dessa mulher. Obrigada, meu amor! Por absolutamente tudo: por me acolher, por me fazer sentir mais que um número de matrícula, por estar ao meu lado e segurar minha mão em momentos tão difíceis. Obrigada por ser minha amiga e me dar a oportunidade de conviver com pessoas  tão bacanas.

Nunca foi por dinheiro.

Nunca foi por status.

Nunca foi pra ser melhor que ninguém.

Depois de muito negar, só posso concluir que sempre foi por amor.


Lela.

Leia também: 1- Reavaliando conceitos
                       2- Maria de Lourdes
                       3- E o que você fez?



domingo, 2 de outubro de 2016

Reavaliando conceitos

Primeira parte: transcrição de definições encontradas no Google.
Vamos lá:

Empatia: Substantivo feminino
                1- faculdade de compreender emocionalmente um objeto (p ex: um quadro);
                2- capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela;
                3- capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer; de aprender do modo como ela aprende.
                     Psic: Processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
                     Soc: forma de cognição do eu social mediante 3 aptidões; para se ver do ponto de vista de outrem; para ver os outros do ponto de vista de outrem; ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.

Leram?

Segunda parte.
E para esse singelo substantivo feminino, são tantos ! Mas, vamos...

Simpatia: 1- afinidade moral, similitude no pensar e no sentir que aproxima duas ou mais pessoas;
                  2- relação entre pessoas que, tendo afinidades, se sentem espontaneamente atraídas entre si
                  3- impressão agradável, disposição favorável que se experimenta em relação a alguém que pouco se conhece;
                  4- estado afetivo, próximo ao amor.

E por aí vai.

Grifei as partes que mais gosto e me identifico; e isso tudo foi parte de uma reflexão minha. Coisas que venho ruminando há tempos.
Simpática? Empática? Isso é ser bobo, inocente, babaca? Isso é ser o que, afinal de contas?

Eu não sou simpática a todos, meu santo não bate com todo mundo e, infelizmente, isso fica claro na maioria das vezes. O revirar de olhos é instantâneo e o virar o rosto e bufar idem.
Trato mal? Não.
Sou grosseira? Acho que não.
Sou direta e às vezes isso pode ser confundido com grosseria, mas não é intencional.



A Medicina está diretamente ligada ao ouvir, ao saber ouvir. E a pensar para responder também. Uma resposta mal dada pode gerar mal entendidos, desenganos ,desconfianças... Então saber ouvir e pensar pra responder são aprimorados na faculdade e essas coisas são levadas para a vida, para a família e para os amigos.
Ter empatia também. Determinadas notícias não fáceis de serem ouvidas e menos ainda de serem dadas, podem acreditar. E por isso, a empatia entra em cena.É incrível ,mas podemos aprender a ter empatia, mas o coração tem que estar aberto e a alma limpa.

E por isso não entendo certas atitudes, muitas vezes gratuitas.
O mundo já tem tanta desgraça, tanta coisa errada e pessoas ainda destratam as outras gratuitamente e com a inocente desculpa de que "sou assim" ou "é o meu jeiro"...Que é isso? Onde está a boa e velha educação que a mamãe deu e que vai além do por favor, dá licença, obrigada e desculpe? Onde estão os conceitos aprimorados em escolas caras sobre respeitar os coleguinhas, esperar a vez de falar. Não sei, acho que ficaram soterrados com o que hoje é conhecido como sinceridade, franqueza; e muitas vezes sarcasmo e deboche
Mas acho feio. Sério que acho.
O tal do super sincero não me representa. A franqueza e o doa a quem doer também não.
Sei ser debochada e sarcástica, mas minha consciencia dói tanto depois que estou tentando aposentar essa Lelinha...
Talvez isso seja a tal da empatia atuando. Entender que ninguém é obrigado a saber nada, que não nasceu sabendo, muito menos eu.



Prefiro ficar quieta a caçar briga . Não brigo por causa de política, por causa de futebol ou por causa da cor favorita de ninguém. Acho que cada um tem direito de escolher o que acha melhor pra sua vida, mas levando em conta sempre o direito do outro; afinal de contas, dizem por aí que vivemos em sociedade.
Tem um ditado velho que diz: Ando preferindo ser feliz do que razão. Não preciso ter razão sempre , mas quero ser feliz todas as horas e isso, pelo menos prá mim, está diretamente ligado ao fato de deitar minha cabeça no travesseiro e ter a certeza que fiz o meu melhor, onde quer que tenha ido e o que quer que tenha feito.
Tenho muito que caminhar e que aprender. Busco realmente ser uma pessoa melhor e não sentar no meu deboche, deixando que ele se aposse de mim


Saudades de todos!
Beijos,

Lela.


Leia também:
1- E o que você fez?
2- Eu não sou legal

terça-feira, 8 de março de 2016

Girassol

Disparado a minha flor favorita. E quem fala é a doida que não gosta de amarelo.
Alegram a casa, dão vida a qualquer cantinho sem graça.
Acompanham o Sol, como todo mundo deveria fazer, seguir a Luz.
Por mim teria girassóis em casa todos os dias da semana, em todas as horas do dia.
Sonho em correr em campos floridos, rodar por entre canteiros.
Sabe que não sei se eles têm perfume... Será que têm? Nem precisava ter, a beleza, a quentura, a alegria, fazem que com que um cheirinho seja dispensável.
Adoro!!!


Não que não goste das outras, mas um girassol vale por um buquê de rosas, pelo menos prá mim.
O girassol pode significar felicidade, altivez; e as pétalas amarelas simbolizam calor, lealdade, vitalidade, tudo que realmente o Sol representa. Tudo o que quero ter, felicidade principalmente.
Várias crenças populares acompanham minha flor predileta: oferecê-la a alguém que iniciou um negócio é desejar sucesso; quem tiver onze girassóis na Espanha tem a sorte ao seu lado; na Hungria, se sementes de girassol forem colocadas na casa de uma grávida, o bebê será homem (e o Y do papai não tem nada com isso, tá?).


É também um símbolo da Páscoa, embora menos conhecido
Existe uma lenda na mitologia grega também sobre a origem do girassol: uma ninfa apaixonada por Hélio (o Deus-Sol), foi preterida por ele e começou a enfraquecer, a se alimentar de suas próprias lágrimas. Enquanto o Sol estava no céu, ela olhava para ele insistentemente, sem desviar o olhar, e à noite olhava para o chão e continuava a chorar; com o passar do tempo seus pés viraram raízes e sua face uma flor que seguia o Sol. Lindo, né? E esses deuses gregos, sempre levianos... Nunca se apaixonem por um deus grego, por favor!! Sabe lá por quem eles vão trocar você!!!





 "Há flores por todos os lados, há flores em tudo que eu vejo..."

Beijos!
Lela.


Leia também: Irmãos
                       Oi!! Há quanto tempo!! Lembra de mim?
                       Fotografia 3. Detalhes...

Fotos: Printerest.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Aperto no Coração

Toda vez que leio, ou vejo algo sobre a II Guerra Mundial e o Holocausto fico com o coração apertado. Mesmo antes de saber que a família do meu avô paterno era judia e que ele rompeu com ela para casar com minha avó, numa época em que isso quase nunca acontecia.

Mamãe contava que um dia me pegou chorando na frente da TV aos 5 anos. Estava vendo um especial sobre o Holocausto e desatei a chorar. Claro que isso não era coisa de uma menina pequena ver, mas eu vi. Aqueles trens entupidos de pessoas magras, com olhos esbugalhados de medo e fome; uniformes, cães, armas.
Mamãe tentou me consolar da forma mais simples possível, dizendo que aquelas coisas não aconteceriam mais; que o mundo havia mudado desde então; que depois da Guerra foi criada a ONU e que ela se encarregava de "tomar conta" para que os países não brigassem mais. Foi surpreendida por uma pergunta inocente: Por que então estava acontecendo a guerrilha na Nicarágua em que tantas pessoas estavam morrendo? Acho que depois disso ela deixou que eu chorasse, porque não havia resposta à pergunta que fiz.

Mas voltando ao programa de TV. Vi sem entender, mas aquilo me fez muito mal, porque percebi logo que não era bom. Um desconforto muito grande, uma angústia são os sentimentos que me acompanham quando o assunto é esse.


Não consegui terminar de ver "A Escolha de Sofia". Não consigo imaginar ter que escolher entre um dos meus filhos; não consigo imaginar que tenha existido alguém tão cruel a ponto de se divertir propondo tal questão a uma mãe.
Levei mais de 3 anos para ler "O Diário de Anne Frank". Começava e parava quase sempre no mesmo ponto. Terminei na marra e bloqueei. Sei que li, mas não lembro de uma linha do livro.
"A Menina Que Roubava Livros" li somente ano passado, depois do filme ser lançado, mas só assisti depois de terminada a leitura. Como sempre, o livro é infinitas vezes superior. Mas o sentimento me acompanha. Aperto, estranheza, desassossego.
Ao assistir "O Menino do Pijama Listrado" fiquei enjoada, entalada. Queria chorar mas não consegui. Aquele final...
Isso para falar dos filmes lights, quase sessão da tarde. Os mais pesados não consigo mesmo.
Em "A Vida é Bela" chorei do início ao fim já imaginando o desfecho. Foi um filme muito criticado na época de seu lançamento, mas gostei: achei delicado, amoroso; incrível como naquele ambiente horrendo o pai conseguiu esconder do filho o que realmente se passava.
Terminei de ler "Depois de Auschwitz" há algumas semanas e nele a autora, Eva Schloss, rememora os anos passados no campo de concentração com sua mãe. Ambas sobreviveram, mas perderam o pai (marido) e irmão (filho). A família saiu da Áustria, foi para a Bélgica, depois para a Holanda, onde viveu escondida até ser capturada no dia do aniversário de 15 anos de Eva. E novamente aquele sentimento ruim...


Os documentários sobre o Holocausto multiplicaram por aqui  na época em que foi descoberta em São Paulo a ossada de Josef Mengele. Este ficou conhecido como "Anjo da Morte"; era médico e atuou nos campos de Auschwitz- Birkenau, onde as maiores atrocidades contra os povos judeu, cigano, afrodescendentes e homossexuais foram cometidas. Fez experiências abomináveis, como injetar tinta azul nos olhos de crianças, colocou pessoas em tanques de água gelada para ver quanto tempo elas aguentariam e por aí vai. Não vou discorrer sobre isso, tenho verdadeiro nojo dessa criatura.

Hitler e o Terceiro Reich conseguiram exterminar mais de 6 milhões de judeus durante a II Guerra Mundial e sim, o Holocausto foi o maior genocídio do século XX . Antes da Guerra efetivamente começar, os direitos dos judeus nos territórios anexados pela Alemanha já vinham sendo retirados. Foi um suplício sem precedentes para o povo judeu e os outros "não arianos". A  morte chegava pela câmara de gás, por exaustão, fome, frio, doenças ... Os sobreviventes ao serem libertados não tinham às vezes pra onde voltar, já que tinham sido privados de tudo; ficaram reduzidos a um número tatuado no antebraço. Mas perseveraram, refizeram a vida e são provas vivas do que a loucura do Homem é capaz.

Ainda existem pessoas que contestam a existência do Holocausto. O que dizer a elas?


Nem sei porque estou falando sobre isso hoje. Sei que esse assunto me aflige.
Não sou judia, sou neta de um judeu que terminou a vida fora da sua religião. Mas sou gente, como judeus, ciganos, negros, europeus, asiáticos. Acredito firmemente que cada pessoa tem o direito de professar sua fé, seja ela qual for; de comer carne ou não; de guardar os sábados; de usar quipá; de usar véus se assim desejarem; de venerar vacas como animais sagrados, desde que haja respeito.

Não gosto de pensar que pode haver um novo Holocausto; que já ocorreram novos extermínios em massa na Europa; que a África é um continente em que até outro dia negros e brancos não frequentavam as mesmas escolas e que ainda acontecem coisas por lá além da minha compreensão. Que ainda é travada uma Guerra Santa em nome de coisas que não estão escritas.
Que mulheres são desrespeitadas, tratadas como objeto, moeda de troca, escravizadas.
Que crianças ainda são queimadas vivas a troco de nada.


Não sou antropóloga, não sou socióloga, não viajei o mundo e nem li o bastante. Deve ter alguém pensando porque não falo da tragédia de Mariana, das crianças das carvoarias, do desmatamento da Amazônia. Também não sei, desculpem...
Só sei do que sinto; e o que sinto é muito.

Lela.

Desejando ...

Minha casa é um ambiente contaminado com o universo Disney. Antes já era e depois de julho deu uma pioradinha.
Confesso que o Magic Kingdon não foi meu parque preferido, como achei que seria... Cheiro de pipoca doce e turkey legs misturados, muito calor e, culpa nossa, nenhum roteiro. No final, ninguém aguentava mais andar. Por isso tenho que voltar. Organizada, com roteiro, com mais tempo. Com o dólar desse jeito sei que não vai ser tão cedo. Esperei quase 45 anos, acho que posso aguentar mais um pouco até a próxima vez.
Mas o assunto não é esse: é música e cinema.
São as músicas de cinema, principalmente as de desenhos ou de filmes para crianças. Porque se eu for começar a falar das músicas que amo que foram premiadas ao longo de mais de 80 anos de Oscar, fico até o ano que vem...
Over the Rainbow, tema de "O Mágico de Oz", ganhou o Oscar de melhor canção em 1940. Era uma das músicas preferidas do meu pai e uma das minhas preferidas também. Tenho no Ipod em 3 ou 4 versões diferentes, incluindo a original com Judy Garland, lógico. É de uma simplicidade tocante e a pergunta final , "Why can't I?", faz com que eu pense sempre e tente aplicá-la à vida. Por que eu não posso? Por que nós não podemos? Posso, sim. Podemos, sim.


Os desenhos da Disney têm trilhas sonoras incríveis, muitas delas já premiadas com o Oscar de melhor música e/ou de trilha sonora. Quase sempre elas trazem mensagens de alegria, otimismo, nos fazem acreditar que tudo vai dar certo no fim.
Cantam o fundo do mar, o ciclo da vida, as cores do vento, chaminés, mamãe acalentando seu bebê e tantas outras coisas. Em outros lugares, ou seja, fora de um filme da Disney, tudo isso poderia muito bem passar por pieguice. Mas não nessa máquina de fazer sonhar. Numa animação tudo é possível, cabe tudo e as coisas vão se ajeitar no fim, mesmo que seja depois de muito choro; depois de um aprendizado, onde geralmente alguém se dá mal.
De todas elas, existem duas que passam a mensagem que quando se deseja algo de coração, se empenha por isso e não desiste, seu desejo vai se realizar. Embora uma delas seja de princesa (Cinderella), não fala de amor e do famoso príncipe salvador da pátria, só de sonhos e desejos realizados. É chamada " A Dream is a Wish Your Heart Makes", bem significativo, né?


A outra é tão clássica! Ganhou o Oscar de Melhor Canção em 1941, foi cantada por Nat King Cole e virou uma marca registrada da Disney. Embora seja de um filme que me aterrorizou, Pinóquio, dá seu recado muito bem: "When You Wish Upon a Star".
Era só isso que estava na minha cabeça quando botei o pé no Magic Kingdon: "...everything your heart desires will come to you..." . O pensamento vai nessas músicas quando penso que algo é impossível. Ao longo dos anos vamos vendo que o impossível de verdade não existe; o improvável sim.


A vida é tão surpreendente; cheia de descaminhos, atalhos, recortes, rotas de fuga, distrações, mudanças de planos e de opiniões. Muitas vezes são tantos sonhos e desejos, que acaba sendo impossível realizar tudo numa rodada só. Daí a necessidade do supervisor da realização dos desejos priorizar algumas coisas e dar uma organizada prá nós.
Desejar o que quer que seja impulsiona a vida: desejar amar sempre; ter filhos com saúde, que passem de ano, que sejam felizes, que sejam correspondidos no amor, que tenham trabalho...Desejar dormir de mãos dadas por mais uns 18 anos...
Que tenhamos saúde prá "só mais um pouco", prá viajar, prá não infartar, prá correr com a vida e não dela; prá enfrentar as coisas, cometer erros, consertar os erros. Mudar de opinião, de casa, de cidade... Desejar um outro cachorro, desejar morar em uma casa.
Desejar uma vida melhor a todos: a quem queremos bem e até a quem não queremos tanto, só para que a Paz reine.
São tantos desejos! Enche um blog... Enche muitas vidas!
E isso tudo por causa de músicas de filmes de criança...

Make a wish...

Beijos,
Lela.

Leia também: Ecletismo na música
                       Que livros você lê?
                       Tumitinha, Palestina e outras confusões